Comerciantes e prestadores de serviços que começaram seus negócios no município expandem suas empresas e mostram que nem só de reclamações vive o comércio local
Muito se especula em torno da questão dos pequenos e médios empresários locais. Comerciantes que vão à falência muito rápido, falta de incentivos e infraestrutura devido à má gestão pública, mudanças de destino turísticos, caloteiros, mão de obra desqualificada, todos são argumentos que tentam justificar a afirmação de que “Araruama não é lugar pra se ganhar dinheiro”. Mas apesar de tudo isso, muita gente consegue jogar por terra essa teoria. Na prática, o que se vê são muitos casos de comerciantes e prestadores de serviços saindo do esquema “fundo de quintal”, montando lojas e escritórios oferecendo conforto e luxo a clientes e funcionários, gerando empregos na cidade e abrindo filiais por aí. Mas qual será o “segredo” deles?
Vilma Brasil Nogueira – Escritório Técnico Contábil
Desde o tempo em que recebia seus clientes em uma sala anexa à sua residência no bairro Havaí, a contadora Vilma constantemente procurava oferecer além de sua simpatia característica, conforto e modernidade à clientela, formada de amigos que viraram clientes
O Escritório Técnico Contábil Vilma Brasil Nogueira fica na Av. Nilo Peçanha, 167 – sala 211 – Centro – Araruama. Tel. (22)2665-6767
Rogério “Fofão” – Fofão Lanches
Aqui na cidade é comum a gente trocar a frase “tou com fome, vamos comer alguma coisa?” por “vamos lá no Fofão?”. Hoje uma quase franquia local, com lojas no Centro, Mataruna e Vila Capri, o empresário Rogério “Fofão” resolveu apostar em Araruama desde o início há sete anos, no quiosque do Centro, que até hoje existe oferecendo lanches. “Lembro como se fosse hoje: na época, o vizinho ainda disse: – aqui só quem vende bem sou eu, você vai pegar só a rebarba. Eu disse: – que Deus lhe dê em dobro e a mim não desampare”. Ele não desamparou, e hoje Fofão tem três lojas e trinta e dois funcionários diretos. “E o côro comendo solto”, acrescenta ele.
Dois anos depois da primeira loja, ele comprou um quiosque na Praça da Bandeira, que se chamava Angu e Cia., e ampliou as opções. “Acrescentei mais opções, como caldo verde, sopa de ervilha, mocotó, caldo de siri com camarão, feijão amigo, que hoje não podem mais sair do nosso cardápio. É gratificante ver que o pessoal gosta, de lamber o prato no final, não deixar nada”.
O trabalho em família também foi fundamental para o sucesso. Ele e a esposa se revezavam em três turnos para dar conta do recado, e devagarzinho foram conquistando seu espaço.
Em dezembro passado, a loja da Praça da Bandeira foi transferida para a praça do Mataruna, por conta das reformas na Avenida Gladstone de Oliveira. Na prática foi ótimo para ele, o espaço e o conforto são bem maiores. Também no ano passado, Rogério inaugurou uma loja pequena na Vila Capri, que pouco tempo depois foi trocada por outra nas imediações, muito maior e mais bonita. “Achamos que o local tinha potencial, acreditamos e pegamos a loja grande. Graças a Deus, a loja tem funcionado muito bem”, agradece.
O CARAPEBA – Então, Fofão, qual o “segredo” para prosperar na cidade?
FOFÃO – Trabalho, trabalho, trabalho…qualidade, preço bom, propagande e muita disposição. Aqui ou em qualquer lugar. As pessoas às vezes acham que só no Rio tudo dá certo. Lá você paga pedágio pra traficante, pra milícia, aqui não tem nada disso. Eu conheço todo mundo da cidade e todo mundo de Araruama freqüenta aqui, ontem mesmo até o prefeito veio, com um monte de gente.
O C - E quanto às pessoas que reclamam por não conseguir?
F – No meu ponto de vista, nenhum comércio hoje em dia em lugar nenhum dá resultado em menos de dois, três anos. Todo mundo quer imediatismo, dinheiro no bolso e não funciona dessa maneira.
O C - Então aqui tudo pode dar certo, é só trabalhar direitinho…
F – E tem que estar sempre investindo em novidades, trazendo coisas diferentes. Eu vou pro Rio às vezes só pra andar e ver coisas novas. Por exemplo, de lá eu trouxe a torre de cerveja, que não tinha em Araruama, agora já tem em mais dois ou três lugares. As pessoas querem ir pra um lugar agradável ver coisas diferentes. Diversifiquei bastante a área de gastronomia. Por incrível que pareça, o que mais tem aqui na Vila Capri é pizzaria, e uma das coisas que eu mais vendo é pizza “brotão”, aquela média. Procuro unir o útil ao agradável: qualidade a preço.
O C - E quais são as novidades para as férias?
F - Mais um prato que eu vi no Rio e lancei aqui é o drumete empanado de frango com batata frita, que acredito que vai ser o carro-chefe. Nas lojas do Mataruna e da Vila já Capri estamos oferecendo shows de música ao vivo com os melhores artistas da cidade, que merecem ser valorizados e ajudam a encher a casa. E eu estou me preparando para o verão, pode aguardar que teremos mais coisas novas.
Empresários da GIGI em busca de alternativas
Não só as crises mundiais e nacionais como também as locais acometem o empresariado. Uma delas mudou o perfil no comércio da Rodovia Amaral Peixoto. Com a inauguração da Via Lagos, o fluxo de veículos que passava pela cidade mudou de caminho. A rodovia Amaral Peixoto perdeu grande parte do tráfego dos veranistas que enchiam a região. Comerciantes, restaurantes e churrascarias, antes paradas quase obrigatórias para quem cruzava a cidade, foram à falência por falta de clientes. De repente, ninguém queria mais vir à Gigi nem “pra fazer xixi”, como dizia a placa na estrada, destruída implacavelmente pelo ex-prefeito Chiquinho, quando ainda era Atacadão.
No dia 6 de julho comerciantes do tradicional “point” araruamense participaram de uma reunião com o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Wancler Marinho e com a gerente Regional do Sebrae, Ana Cláudia Melo Vieira. A principal preocupação é o pouco movimento no local. A má conservação das ruas no entorno do shopping a céu aberto foi um dos tópicos questionados pelos empresários. Além disso, problemas internos do condomínio também foram discutidos.
A gerente do Sebrae, Ana Cláudia Melo Vieira, levantou a possibilidade do órgão aplicar Cursos de Gestão aos comerciantes. “Podemos pensar em um trabalho focado aqui”, sugeriu.